Olhou nos olhos dele com um olhar dividido entre a doçura e a lascividade, as palavras tornaram-se desnecessárias. Jogou contra a parede do banheiro aquele corpo inertemente assustado e tascou nele um beijo úmido em um total canibalismo. Perdendo total compostura agiu como uma meretriz barata em fim de noite.
Mas era mais.
Um duelo agora seguido de uma breve pausa.
Ele olha com um olhar interrogativo, ela sorri de um modo doloroso e os pensamentos voam até ele, talvez aquela beleza triste o tenha fascinado nesse preciso momento. De alguma forma ela queria existir para ele. Uma dúvida que sempre a assolava como uma estúpida humana que é. Queria ser mais do que um nome estranho no seu celular, mais que uma amiga de curso incomum, mais do que uma carcaça que carrega um par de seios fartos. Ela até pouco tempo tinha o coração feito de plástico, ninguém duravelmente despertava interesse interno há um bom tempo e agora se depara diante desse tórrido desafio.
É bizarra a sensação de estarem parados, como se tivessem algo a dizer. Sensação claustrofóbica onde qualquer palavra dita será capaz de estragar.
O ambiente cheira a desejo, desejo de se desvencilhar de todo panaral que os separa. Desejo de se livrar do passado. Desejo de mandar se danar todos os olhares conhecidos que se intercalam na tentativa frustrante de fazer pensar que os dois são pecadores convictos.
Ela sente.